A música sempre exerceu papéis inesquecíveis na vida das pessoas, seja para marcar momentos pessoais, de um grupo ou de uma sociedade inteira. E foi cercado, e motivado, por esta certeza e este poder que nasceu o Arvo Festival, evento de música brasileira realizado desde 2018, em Florianópolis, Santa Catarina.
Diferencial
Mas no que o Arvo é diferente de muitos eventos realizados mundo afora? Provavelmente, o sentimento coletivo é um dos grandes destaques. A alegria, o senso de responsabilidade e o compartilhamento são os motores das mais de 10 horas de programação musical que permeiam a programação. Contudo, estes conceitos são colocados em prática desde o planejamento do evento, que estreou no calendário da capital catarinense em setembro de 2018 e, no último dia 7 de setembro, chegou à sua 4ª edição com a participação de 2,5 mil pessoas.
“As soluções sustentáveis são provenientes de muitas pesquisas acercas de festivais referências no mundo inteiro. Além disso, temos o ARVO Lab, que é um laboratório de ideias criativas e fazemos co-criações com marcas parceiras sustentáveis – como o Meu Copo Eco – para desenvolver estratégias de minimização de impactos ambientas e melhorias sociais e sustentáveis”, explica Nathália Possebom, produtora cultural do evento.
Reaproveitamento
E isto é perceptível em todos os detalhes do Arvo Festival, já que a estrutura é construída com madeira de reaproveitamento e reutilizada em cada edição, evitando o desperdício de materiais. Além disso, a cenografia utilizada prioriza materiais de descarte da indústria ou coletados pela companhia de coleta reciclável da cidade. “A ideia é mostrar como podemos trazer a sustentabilidade para diferentes áreas, não ficando apenas na consciência de não jogar lixo no chão e aderir à separação de lixo em nossos lares. Está mais do que na hora de produtores de eventos abraçarem a causa, já que é possível, sim, realizar eventos de grande porte com o mínimo de impacto”, complementa.
Números a favor
Desde a sua estreia, a organização do Arvo Festival contabiliza números positivos: em um ano conseguiu reduzir em 98% a produção de lixo. Nesta edição, o evento produziu apenas 48,20 kg de resíduos orgânicos, 67,35kg de rejeitos e 75,15kg de recicláveis, sendo apenas 6% de plástico. Ou seja, cada pessoa presente no Arvo gerou apenas 27 gramas de lixo. “São números muito significativos, principalmente para um evento que nasceu há apenas um ano. Mas é uma crescente que nos anima muito e nos mostra que é possível deixar este legado para a cidade, para o nosso público, para as gerações futuras”, destaca Natália Possebon.
O evento não busca apenas números, busca proporcionar experiência e tocar o maior número possível de pessoas com esta reflexão – cada vez mais essencial para todos: a consciência e educação ambiental e a mudança de hábitos. E isto, é possível perceber em cada uma das pessoas que dedicaram um sábado de inverno para aproveitar o festival em Floripa. Independente da idade, estilo ou preferências musicais – o ecletismo do Arvo é outro ponto de destaque –, todos os presentes tinham algo em comum: atitudes conscientes e responsáveis.
Vamos falar música?
É através da música que o Arvo consegue disseminar o seu propósito. Seja pulando, vibrando com aquela faixa especial ou em uma roda de conversa no gramado, cada um dos presentes curtiu do seu jeito o line-up da 4ª edição do festival. Mas o que os artistas têm em comum? Primeiro, realizam um trabalho autoral e estão em destaque na cena nacional; depois, identificam-se com o propósito do evento; e por fim, têm talento de sobra para fazer todos dançarem.
Nesta última edição, o evento recebeu nomes de diferentes regiões do Brasil: a Academia da Berlinda, diretamente Pernambuco e tocando pela primeira vez no Sul, e Castello Branco, do Rio de Janeiro, apresentaram um pouco da nova MPB. Já a Trabalhos Espaciais Manuais e a cantora Dandara Manoela representaram a música do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, respectivamente. “Entre bandas e DJs, recebemos atrações de cinco estados diferentes, proporcionando ao público uma experiência plural, que reflete a diversidade cultural do nosso país”, explica André Pardini, produtor cultural do evento.